ARTIGOS DE OPINIÃO

 

segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014

A DINÂMICA DO TREINO Por Luís Manta

Costumamos dizer que se treina como se joga e joga-se como se treina.
A realidade dos clubes no futsal português varia muito, vai desde um microciclo de 1 semana com 2 Unidades de Treino até 10 Unidades de Treino para o mesmo microciclo. Quanto menor nr. de UT, maior a necessidade de rentabilizar/optimizar o tempo de treino.
Independentemente do método de treino utilizado, os aspectos de que vou falar, são transversais a todos eles.
Uma equipa cujas Unidades de Treino ( UT ) têm um reduzido tempo útil de treino, dificilmente serão competitivas.
A dinâmica de uma Unidade de Treino está em grande parte dependente do planeamento atempado da mesma, por parte do treinador.
Uma UT só deve ter os tempos "mortos" previstos no planeamento da mesma, por ex.; para explicar um exercicio; para introduzir a logistica necessária a um exercicio; para recuperação (alongamentos, estiramentos, idratação)...
Numa Unidade de Treino, tudo deve estar relacionado, tudo deve ser sequência e ser consequente.
Nada deve ser avulso, para uma melhor assimilação por parte dos atletas e optimização do tempo de treino.
Por ex. Se treinamos superioridades numéricas de 3x2 ou 2x1, 1º executa-se um exercicio para rotinar os diversos movimentos de ataque e ocupação de espaços (com ou/e sem oposição), seguidamente um exercicio de jogo onde se rotina os movimentos de ataque e as tomadas de decisão.
Outro ex. Se treinamos Sistemas de Jogo Ofensivo, 1º treinamos uma Circulação, com exercicio para rotinar movimentos e ocupação de espaços (com ou/e sem oposição), depois exercicios de passe de roptura para finalização derivados dessa Circulação(com ou/e sem oposição), depois ainda, jogo condicionado ofensivamente à Circulação em causa, que treina tudo o que se pretende ( movimentos, ocupação de espaços e tomadas de decisão). 
E assim sucessivamente, noutros aspectos do treino...
No planeamento da UT o treinador deve ter a preocupação de escolher exercicios que integrem a totalidade dos atletas, como nem sempre isso é possivel, o espaço de tempo de inatividade dos atletas que ficam de fora, deve ser muito curto. Nestes casos, utiliza-se o sistema de rotação de jogadores.
A intensidade e velocidade na execução dos exercicios deve ser gradual e a adequada ao nivel fisico da equipa e momento da época. 
A correcção e a motivação dos jogadores, devem estar sempre presentes na acção do treinador.
A Unidade de Treino, não deve dar espaço a diversão e descontração.
Os 40' de tempo útil de um jogo, exigem

domingo, 5 de Janeiro de 2014


A GESTÃO E CONTROLO DE JOGO Por Luís Manta

Escrevo este artigo, após o visionamento do jogo Sporting C. Portugal - Leões de Porto Salvo.
A vontade de escrever estas linhas já tinha algum tempo e após este jogo, decidi não protelar mais no tempo.
Anteriormente assisti ao Sporting 6 - Rio Ave 6, ao Sporting 7 - Benfica 8 e ontem ao Sporting 6 - Porto Salvo - 5.
Quando se constrói um plantel, a escolha dos jogadores tem vários factores, para além da qualidade técnica e táctica, posição, capacidade fisica e motivacional...vem a experiência.
Existe, normalmente, a preocupação do treinador em construir um plantel equilibrado, constituido por jogadores mais jovens e com menos experiência, em processo de evolução e outros mais maduros, mais tarimbados, que fazem a diferença em determinados jogos, nos momentos mais dificeis...
Isto era para ser assim...mas não tem sido.
O futsal é um jogo com mudanças de velocidade e de ritmo de jogo.  Que não têm o mesmo significado.
Em futsal e na generalidade dos desportos colectivos, as equipas adequam ou deviam adequar as suas estratégias com o decorrer do jogo. 
Num jogo complicado, que caminha para o seu final, em que estamos em vantagem e a vitória está dificil, a equipa, através dos seus jogadores mais experientes tem de assumir as rédeas do jogo e pautar o ritmo do jogo que mais lhe interessa.
É tempo de posse de bola (aumento dos tempos de ataque), definição qualitativa do último passe, apoio constante ao portador da bola, preocupação de fazer bom "passe",  maior sentido colectivo, ocupação racional dos espaços...É preciso saber ler o jogo...Grande parte dos golos que se sofre, não é por defender menos bem, é por atacar mal...
Pergunto, como é que em equipas recheadas de jogadores de reconhecida qualidade, internacionais e com grande experiência, pode acontecer com frequência a perda do controlo do jogo, perante equipas de menor valia ?
Aqui, os treinadores são os menos culpados, é nestes momentos que devia imperar a experiência dos jogadores mais traquejados. Nem o treinador tem de dizer tudo, nem sempre há tempo para fazê-lo, quando se dá por ele, já o mal está feito...
E isto, não tem a haver com a falta de competitividade do campeonato português, tem haver, sim, com a falta de qualidade dos jogadores e globalmente das equipas...
É impensável, a quantidade de erros básicos que os jogadores cometem em equipas profissionais, por ausência dos fundamentos do jogo, sejam gestos técnicos, sejam tácticos por má ocupação de espaços.
Perante esta qualidade apresentada pelas melhores equipas portuguesas, não é tão depressa que voltamos a fazer história na UEFA CUP.
Termino, reconhecendo, que em termos televisivos os jogos foram excelentes, pela emoção e incerteza dos resultados finais, no entanto, não significa que tenhamos assistido a futsal de qualidade, antes pelo contrário.

sexta-feira, 8 de Fevereiro de 2013

A CONFUSÃO DAS LINHAS Por Luís Manta

Quando se fala de futsal no plano táctico, com frequência temos que nos referir a "linhas". Esta expressão é muito utilizada em comentários televisivos.
Acontece que por parte dos receptores da mensagem, tenho-me apercebido de alguma "confusão" no que respeita às "linhas". Por exemplo, quando nos referimos só a "1ª linha", é passivel de alguma confusão, pois há dois tipos de "linhas".
Este assunto merece que lhe dedique alguma atenção.

Primeiro há que lembrar a definição de ambos os tipos de "linhas".


LINHAS DE MARCAÇÃO – Pode-se considerar uma linha imaginária paralela à linha de baliza a partir da qual a equipa que defende pressiona o portador da bola. A localização da linha está previamente definida. O seu Nº é indefinido, são quantas as linhas que o treinador entender.

Linha 1 – Será uma linha imaginária paralela à linha de baliza que passa na marca dos 10 M no meio campo adversário. Apropriado a uma defesa de pressão alta.

Linha 2 – Uma linha imaginária tangente ao circulo central ainda no meio campo adversário e paralela à linha de baliza.
Apropriado a uma postura de observação e estudo da equipa adversária.

Linha 3 – Uma linha imaginária paralela à linha de baliza que passa na marca dos 10 M no meio campo defensivo. Apropriado a uma postura de espera, apostando em acções ofensivas de transição.

O Nº de "Linhas de Marcação" e sua localização são do critério do treinador. Eu tenho a minha opinião.


 


LINHAS DEFENSIVAS – São linhas imaginárias paralelas à linha de baliza, definidas pelo posicionamento dos jogadores dentro de um sistema defensivo.




Linhas Defensivas de defesa em 1:2:1  (Defende a equipa de azul)

Verifica-se que de acordo com o posicionamento da equipa, temos três linhas defensivas, a 1ª do jogador mais adiantado e próximo do portador da bola, a segunda dos dois jogadores mais atrasados que fazem a cobertura densiva e a terceira, do último jogador (fixo) que faz marcação ao pivot.




Linhas Defensivas de defesa em Quadrado (Defende a equipa de azul)

Verifica-se que de acordo com o posicionamento da equipa, temos duas linhas defensivas, a 1ª com os dois jogadores mais adiantados e a 2ª dos jogadores mais atrasados que fazem a cobertura defensiva.


Posto isto, verifica-se que as Linhas de Marcação são fixas, são previamente definidas pelo treinador quanto ao seu Nº e sua localização.

Já as Linhas Defensivas são móveis, dependem da dinâmica do jogo e do Sistema Defensivo utilizado pela equipa.
A 1ª Linha Defensiva de uma equipa, por vezes, coincide com uma Linha de Marcação.  

Quando se fala em "entre linhas", falamos em Linhas Defensivas, normalmente linhas adversárias.

Se falamos em "1ª linha", há que definir a que tipo de linhas nos estamos a referir, porque há "1ª linha defensiva" e "1ª linha de marcação".


segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2013


O MODELO DE JOGO Por Luís Manta

Todos nós treinadores temos uma ideia de jogo a implantar na nossa equipa.
A essa ideia de jogo uns chamam Modelo de Jogo, outros Padrão de Jogo, outros simplesmente Ideia de Jogo, ainda Matriz de Jogo e, outros nomes há para definir a mesma coisa.
De referir que, erradamente, nos referimos a Modelo de Jogo como se só existisse no aspecto ofensivo.

Modelo de Jogo não é o mesmo que Sistema de Jogo.
Pelo facto de uma equipa ter rotinas de jogar ofensivamente no Sistema  3x1 (exemplo),  isso por si só, não chega para caracterizar, ou identificar o Modelo de Jogo Ofensivo da equipa, poderá ser um dos aspectos, mas não é só.  

O Modelo de Jogo não é mais que um conjunto de conhecimentos sistematizado teórico-práticos que apontam para uma ideia de jogo pensada.

Modelo de Jogo é uma ajuda importante na identidade da equipa.

Consegue-se adquirir um Modelo de Jogo através da assimilação no plano teórico por parte dos jogadores dos objectivos pretendidos e repetições em treino de exercícios, concebidos e adequados a essa mesma ideia de jogo pensada.    É isso que vai caracterizar a equipa.

Acontece que no decorrer de uma época desportiva, equipas há, que não conseguem apresentar um Modelo de Jogo sustentado, bem identificado, é aquilo que chamo equipas amorfas, sem identidade.

Direi que para caracterizar um Modelo de Jogo Ofensivo deve-se ter em atenção, os tempos de ataque (curtos ou prolongados, mais ou menos "posse de bola"), as zonas de ataque que privilegia (corredor central ou laterais, joga preferencialmente em 3x1 ou 2x2 etc.), e a intensidade (agressividade e dinâmica de deslocamentos).
Quanto ao Modelo de Jogo Defensivo, será basicamente a intensidade (agressividade e dinâmica de deslocamentos) e o tipo de marcação (Sistema defensivo).

Exemplo de Modelo de Jogo Ofensivo de uma equipa ; A equipa privilegia a posse de bola com boa dinâmica, com apoios entre-linhas, dando profundidade ao jogo através de acções ofensivas para finalização pelo jogo exterior.
Exemplo de Modelo de Jogo Defensivo de uma equipa : A equipa mostra grande agressividade na recuperação da posse de bola e defende HxH em pressão alta.

O Modelo de Jogo a implantar numa equipa deve ter sempre em consideração as capacidades físicas, técnico-tácticas e psicológicas dos executantes.

sexta-feira, 18 de Janeiro de 2013


TOMADA DE DECISÃO Por Luís Manta


Tomada de Decisão no futsal é um assunto que está em moda, ora é tema de Clinic's , ora é Tese académica ou assunto de discussão.
Tomada de Decisão não é mais que uma nova roupagem da expressão que se utiliza há muitos anos no futsal quando se diz que determinado jogador "jogou bem" ou "jogou mal" em determinada acção do jogo.
A Tomada de Decisão interfere com quase tudo o que se faz em futsal.
Treinamos para decidir melhor. O treino condiciona a tomada de decisão em determinado sentido.
Os sistemas de jogo, defensivos ou ofensivos, condicionam a tomada de decisão.
O modelo de jogo da equipa, condiciona a Tomada de Decisão.
Um jogador que é bom tácticamente, é um jogador que tem boas Tomadas de Decisão no plano táctico e de acordo com o que treina.
Um jogador indisciplinado tácticamente, é um jogador que não toma as melhores decisões dentro do modelo treinado.
Um jogador criativo, é um jogador cujas Tomadas de Decisão na sua maioria, fogem ao estabelecido. Umas vezes são boas, outras não.
A Tomada de Decisão está intrinsecamente ligada à qualidade do jogador, é melhor ou pior de acordo com as suas tomadas de decisão.
O treino da Tomada de Decisão é diário, diria, é constante. Quanto mais e melhor se treinar, melhores são as Tomadas de Decisão.
Treino especifico para a Tomada de Decisão não existe, é uma aberração.  O treino da Tomada de Decisão é quotidiano e está integrado em todos os exercícios.

Descompliquem. Não compliquem o que é simples.

O estudo da Tomada de Decisão no futsal, será importante no plano académico, no que respeita ao jogo não trás nada de novo. A Tomada de Decisão é o nosso dia a dia.

 

quarta-feira, 9 de Janeiro de 2013


A FORMAÇÃO Por Luís Manta

À formação do futsal em Portugal, na sua generalidade, há excepções, costumo chamar ATL, vulgo, Actividades de Tempos Livres.
Porquê ? Porque quase todos os clubes se debatem com dificuldades financeiras e em face de orçamentos muito reduzidos, acabam por deitar mão à prata da casa e muito bem, digo eu.
Quando se trata de escolher um treinador para as suas equipas de formação, sejam Escolinhas, Sub-11, Sub-13... A opção normalmente recai em alguém muito ligado ao clube, que gosta muito de futsal, tem disponibilidade e tem carta de condução (para poder conduzir a carrinha do clube ou o carro particular e levar a garotada a casa).
Até aqui tudo bem, mas será que a pessoa está habilitada para desenvolver um trabalho de qualidade de iniciação à prática da modalidade ? Aqui é que a porca torce o rabo, normalmente não.
Perguntam os leitores, então vão os clubes esbanjar um património tão grande de dedicação à causa e à modalidade ? Claro que não, antes pelo contrário, estas pessoas devem ser acarinhadas, incentivadas e devem-lhes ser propiciadas condições para formação especifica.
Ora aqui está um problema que tanto a pessoa como o clube, têm dificuldade em ultrapassar, a opção será a inscrição num Curso para Treinadores de Nível 1 que custa, pasme-se, na casa dos EUR 500,00 ou continuar a ser autodidacta. Estamos a falar de algo mais caro que o ordenado mínimo.
Nos tempos que correm, qualquer pessoa que despenda EUR 500,00 do seu orçamento familiar, vai fazer mossa no final do mês, se não estiver desempregado, desempregado então...nem pensar.
Se for o clube a pagar, então aí serão EUR 500,00 x quantos treinadores de formação, também pouco exequível.
Numa modalidade que se quer desenvolver com qualidade, pedir EUR 500,00 para a frequência de um Curso de Nível 1, que se destina basicamente a escalões de formação, é um ABSURDO.  
Infelizmente, há gente que vive do futsal e não para o futsal e, se governa com esta história dos cursos de formação de treinadores de futsal.
É altura da FPF e a ANTF se entenderem e porem cobro a isto, a bem do desenvolvimento da modalidade, os cursos destinados a treinadores de formação, deveriam ser tendencialmente gratuitos.

1 comentário:

FABRÍCIO PAIVA disse...

MUITO OBRIGADO POR SUA CONTRIBUIÇÃO NESSE BLOG AMIGO.